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CARTA ABERTA AOS BISPOS E PADRES DA ARQUIDIOCESE DE BELÉM

"Que ninguém o despreze por ser JOVEM” (1 tm 4,12)

É com grande preocupação que me dirijo ao episcopado e ao clero da Região Metropolitana de Belém. Preocupação esta que há bastante tempo se vive em nossa Arquidiocese: a Evangelização da Juventude. Estando às vésperas da VIII Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, não poderíamos deixar de refletir cada vez mais a necessidade da Igreja de Belém assumir em comunhão com as Conferências Episcopais do Brasil e da América Latina, em assumir não somente afetivamente, mas de forma efetiva, a juventude.

Seja por Aparecida ou pela realidade juvenil, encontraremos um caminho que aponta para Cristo, colocando a “Igreja em estado permanente de missão”. Somos convidados a assumir não só a defesa, mas a promoção da vida dos(as) jovens que diariamente sofrem com o empobrecimento social e a violência. E é neste aspecto que o tema juventude precisa transversalizar os temas que serão refletidos durante a construção Plano de Pastoral para o quadriênio 2013-2016.

No 46º Dia Mundial das Comunicações, o Papa Bento XVI na mensagem “Silêncio e palavra: caminho de evangelização” nos mostra a importância da escuta e o quanto ela poderá contribuir em nossa ação pastoral. Neste sentido, acredito que precisamos exercitar a “escutatória” junto aos(as) jovens, reconhecendo estes(as) como realidade teológica, permitindo-nos também escutar os sinais dos tempos. Além disto, ter como referência os documentos produzidos pela própria Igreja para este trabalho, como o Doc. 85 da CNBB – “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais”.

Urge um cuidado com a Pastoral da Juventude Arquidiocesana (PJA). Em mais de 25 anos de caminhada, a PJA busca esta sintonia com as orientações da Igreja, para o trabalho com os(as) jovens. Não é a toa que muito de sua experiência teórica e prática esta registrada e é referência pastoral e social para muitas organizações e para a própria CNBB e o CELAM. O Marco Referencial da Pastoral da Juventude do Brasil, assim como a reedição do livro “Civilização do Amor: Projeto e Missão” revelam isto. Entretanto, a ausência do clero nas atividades da PJ, a falta de assessores(as) leigos(as) e religiosos(as) em muitas Paróquias, que conheçam minimamente a identidade e a organização da PJ, a carência de investimento na formação específica de lideranças juvenis e adultas, assim como na aquisição de subsídios próprios desta pastoral, tem fragilizado desde os grupos de base até a instância arquidiocesana.

Em 2013, o Brasil estará acolhendo a Jornada Mundial da Juventude e a Campanha da Fraternidade, novamente será “Fraternidade e Juventude”. Este ano, os grupos de jovens já começam a se organizar pra marcar presença no Rio de Janeiro. Ainda vislumbramos a realização do XVII Congresso Eucarístico Nacional e dos 400 anos de Evangelização na Amazônia, que acontecerá em 2016. Não seria oportuno realizar em nossa Arquidiocese a “Missão Jovem”? E se ainda me permitem, não seria importante uma grande atividade formativa, assumida pela Arquidiocese de Belém, contando com a presença do clero e do laicato, sobre Evangelização da Juventude. Ainda em tempo, que esta pudesse orientar como e onde se deve “implantar” o Setor Juventude, já que hoje não temos uma clareza sobre o que vem a ser este espaço.

Que nestes dias de Assembleia de Pastoral, nossa Mãe de Nazaré, acompanhe o episcopado e o clero, juntamente com a vida religiosa e os(as) leigos(as) que estarão presentes, para que possam construir cada vez mais, uma “Igreja a serviço da vida plena para todos” e todas.

Eduardo Soares (Eduardo da Amazônia)
Ex-secretário da Pastoral da Juventude Arquidiocesana – Belém/PA
E-mail: eduardopaidegua@hotmail.com

BELÉM/PA: SEMINÁRIO BÍBLIA E JUVENTUDE


Jovens da Rede Ecumênica da Juventude (REJU/Amazônia), da Pastoral da Juventude (PJ – Igreja Católica Apóstólica Romana), da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, estiveram participando do “Seminário Bíblia e Juventude” que aconteceu nos dias 10 e 11 de novembro, no Centro Social Sagrada Família, em Ananindeua/PA. Organizado pelo Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/PA) em parceria com igrejas cristãs e organizações e ecumênicas, a atividade teve como principal objetivo levar as juventudes a conhecer as suas realidades e através de uma hermenêutica juvenil, buscar luzes nas Escrituras para o cuidado com a vida, contra a violência e o extermínio de jovens.

“Um olhar sobre a realidade das juventudes”, facilitado por Silvana Sarmento da assessoria da PJ, abordou a percepção dos(as) jovens no contexto cultural, político, econômico, social e religioso. A desigualdade e a diversidade, também foram trazidos como elementos presentes e que precisam de atenção para o desenvolvimento desta população juvenil.

Emanuel Messias e Ir. Tea Frigério do CEBI/PA, levaram os(as) participantes a refletir “quais as provocações para uma leitura/hermenêutica bíblica na ótica da juventude?”. Além de destacar a presença de jovens na Escritura, percebeu-se também o protagonismo juvenil na Bíblia, tendo como chave de leitura a “multiplicação dos pães e peixes” (Jo 6).

Como encaminhamento, criou-se um grupo que bimestralmente se reunirá para estudo bíblico e conduzir outras atividades ecumênica entre jovens, como os encontros semestrais, deixados como indicativo. Envolvido de mística, embalado pela arte e pela valorização da cultura, conclui-se a atividade com uma dança circular sagrada indígena e abraço fraterno.

GISLEY AZEVEDO GOMES (15 de Junho de 2009)

Jovem, sonhador, neotéfilo, religioso, padre estigmatino. Nasceu em 17 de novembro de 1977, no interior do estado de Goiás na cidade de Morrinhos. Filho de Sebastião Azevedo Gomes e Sebastiana Maria Gomes, era um filho dedicado e atencioso. Irmão e tio presente. Amigo da vida e daqueles que acreditavam nela.

Entrou no seminário em janeiro de 1995. Cursou filosofia em Goiânia-GO e teologia em Belo Horizonte-MG. Emitiu a profissão perpétua aos 23 de janeiro de 2004. Ordenado sacerdote em 29 de maio de 2005, pela Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo (Estigmatinos), na cidade de Morrinhos.

Gisley esteve na equipe do Instituto de Pastoral da Juventude do Leste 2 (Belo Horizonte-MG) e na assessoria do Setor Juventude da CNBB nos anos de 2006 a 2009. Colaborou no processo de elaboração do Documento 85 da CNBB “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas”. Assessor da Pastoral da Juventude, esteve presente na caminhada das Pastorais da Juventude do Brasil nas atividades nacionais e regionais, assim como nos Encontros Nacionais de Congregações e Movimentos que trabalham com juventude.

Comprometido com a vida da juventude, organizava, juntamente com as Pastorais da Juventude do Brasil, a Campanha Nacional contra a Violência e o Extermínio de Jovens que tem como lema “Juventude em marcha contra a violência”. Lamentavelmente ele foi vítima da violência que ansiava combater.

Gisley foi assassinado em 15 de junho de 2009, em Brazlândia, cidade satélite de Brasília-DF, vítima de sequestro relâmpago. Sua morte provocou consternação geral, no Brasil e América Latina, em todos os setores ligados à evangelização da juventude, a qual dedicou com entusiasmo e alegria todas as suas forças.  

Logo após a liberação do corpo por parte do Instituto Médico Legal foi celebrada uma missa na paróquia Santa Cruz, em Brasília. Após a missa, o corpo de padre Gisley foi levado para sua terra natal.

Ao chegar à igreja São Sebastião, em Morrinhos, foi celebrada missa de corpo presente. A Igreja estava completamente tomada. Caravanas de amigos jovens e adultos das Pastorais da Juventude e da Rede de Centros e Institutos de Juventude oriundos de vários estados se fizeram presentes para se despedir de Pe. Gisley.

Na quinta-feira, dia 18 de junho, foi celebrada missa de corpo presente, presidida pelo bispo de Itumbiara, dom Antônio Lino com a participação do bispo de Jaboticabal-SP, dom Antônio Fernando Brochini, que batizou e ordenou Gisley. Após a missa Gisley foi sepultado no jazigo dos estigmatinos, na cidade de Morrinhos.

Gisley fez sua páscoa aos 31 anos, vividos em favor da vida daqueles que sofrem e estão à margem da sociedade, em especial a juventude. Exemplo de amigo, assessor de juventude e religioso sacerdote comprometido com a causa do Reino de Deus.

Fonte: Ofício em memória ao Pe. Gisley Azevedo - Junho 2012.


KOINONIA

Olhando para a Região Episcopal São João Batista, constatamos o quanto os(as) jovens representam um enorme potencial para o presente e o futuro da Igreja e da sociedade, como discípulos(as) e missionários(as) do Senhor Jesus[1]. Os inúmeros serviços assumidos nos cenários social e eclesial revelam a grande importância deste público na tarefa e na esperança da Civilização do Amor.

Nas paróquias que compõem esta área pastoral, é notória a presença de diversas experiências de trabalho com/para os(as) jovens. Assim como a Pastoral da Juventude, os movimentos e novas comunidades, as congregações religiosas, a catequese crismal e outros grupos isolados, também estão promovendo alguma atividade atenta a este público. Entretanto, neste momento não há uma articulação que aponte algumas estratégias com as Paróquias para um trabalho conjunto com os(as) jovens.

Após algumas reflexões inicialmente feitas pela Pastoral da Juventude Arquidiocesana – PJA, envolvendo os padres de referência nas regiões episcopais para este serviço, assim como a vida religiosa e outros movimentos, sentiu-se a necessidade de promover alguns encontros específicos nas áreas pastorais em vista desta INTEGRAÇÃO. Um ensaio para a rearticulação do Setor Juventude na Arquidiocese de Belém. Mas, espera lá: para que tudo isto?

“Toda ação eclesial brota de Jesus Cristo e se volta para Ele e para o Reino do Pai”[2]. Neste sentido, nossa ação precisa estar em sintonia com a experiência das primeiras comunidades cristãs[3], como resposta ao convite: “Para que todos sejam Um” (Jo 17,21). Muito tem a nos ensinar também as palavras do apóstolo Paulo aos Coríntios a cerca desta unidade[4]. Além do mais, está é uma característica teológica que se manifesta a partir dos(as) próprios(as) jovens, principalmente na vivência da amizade.

Para que isto se torne uma realidade, é necessário o envolvimento de todos(as), “porque um projeto só é eficiente se cada comunidade cristã, cada paróquia, cada comunidade educativa, cada comunidade de vida consagrada, cada associação ou movimento e cada pequena comunidade se inserem ativamente na pastoral orgânica”[5]. Até dado momento, há ensaios de “Setor Juventude”, aguardando sua rearticulação e um projeto pastoral que oriente melhor trabalho juvenil na Arquidiocese de Belém. Todavia, o Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), possuem alguns documentos referenciais para este serviço.

Não se pode negar que “esta diversidade de carismas, espiritualidades e pedagogias de trabalho juvenil é para nós uma riqueza na Igreja de Jesus Cristo”[6], muito menos acabar com as experiências atuantes nas paróquias. Afinal, o Espírito sopra onde quer e não podemos “perder riquezas conquistadas que já provaram seu valor pedagógico e teológico no campo da evangelização da juventude”[7].

Convencidos(as) que a unidade é uma necessidade vital para nossa missão, seremos protagonistas desta tarefa e esperança em unidade com Cristo, onde esta “comunhão tira-me para fora de mim mesmo projetando-me para ele e, desse modo, também para a união com todos os cristãos”[8].
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[1] Documento de Aparecida, n. 443. Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (CELAM - 2007).
[2] CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011 - 2015, n. 4
[3] Cf. At 2,42-47; 3,32-37
[4] 1 Cor 12,12-31
[5] Documento de Aparecida, n. 169
[6] D. Dimas Lara Barbosa na apresentação do “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas Pastorais” CNBB/Doc. 85
[7] Confira em “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais”, n. 194 (CNBB, 2007/Doc. 85)
[8] Deus Caritas Est, n. 14. Carta Encíclica do Sumo Pontífice Bento XVI sobre o amor cristão (Paulinas, 2006).

PARA QUE SERVE O GRUPO DE JOVENS?

Uma das maiores expressões eclesiais e sociais de jovens no Brasil também se faz presente há mais de 30 anos na Metrópole da Amazônia. Entre os desafios que a interpelam, ousa promover e defender a vida daqueles(as) que historicamente vêm sofrendo com as mazelas do empobrecimento social. Estamos falando de uma das organizações que constrói dia-a-dia um novo jeito de ser Igreja a partir dos grupos de base presentes na Arquidiocese de Belém: a PASTORAL DA JUVENTUDE!

É interessante perceber alguns documentos eclesiais produzidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pelo Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM), que refletem sobre o processo de educação e amadurecimento na fé, tem muito da (con)vivência PJoteira. Podemos pegar o “Marco Referencial da Pastoral da Juventude¹” ou o “Civilização do Amor: Tarefa e Esperança²” e comparar com o atual “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais³” e notar quanta semelhança com o que é proposto e que busca ser vivenciado nos grupos de base da PJ. Mas, toda esta experiência acumulada dos grupos da Pastoral da Juventude serve para quê?

Adélia Prado já dizia que “o que a memória amou fica eterno”. Neste sentido, recordar a caminhada do grupo de jovens, nada mais é que apontar novos caminhos com base na experiência. O grupo de base é a opção pedagógica de trabalho da Pastoral da Juventude e o principal espaço para proporcionar aos(as) jovens sua valorização pessoal. Nele os questionamentos e respostas são constantes para que os(as) mesmos(as) tenham um desenvolvimento que leve em consideração a sua integralidade. A descoberta do(a) jovem em vista das relações consigo mesmo(a), com o(a) outro(a), com Deus e com a sociedade e sua ação são caminhos trilhados no grupo.

Sem ele, nenhuma outra instância consegue funcionar na Pastoral da Juventude, pois é com ele e a partir dele que as coordenações e assessorias terão elementos palpáveis para construir metodologias, apontar pistas de como dinamizar a ação com os(as) jovens na comunidade, além de fornecer novas lideranças para pastoral ou em outros espaços da sociedade. Em vista disto, sua preocupação não deve ser somente contribuir para futuros(as) adultos(as), mas principalmente para o protagonismo juvenil. Ele deve favorecer a participação dos(as) jovens a contribuir na reflexão/ação, no serviço eclesial e social.

"Os grupos de jovens são um instrumento pedagógico de educação na fé. O pequeno grupo, como instrumento de evangelização, foi um dos instrumentos pedagógicos usados por Jesus ao convocar e formar seu grupo de doze apóstolos." (Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas Pastorais, n. 151 - CNBB, 2007/Doc. 85)

Por conta do risco de isolamento ou da “autossuficiência” que compromete o desenvolvimento dos(as) jovens, é preciso estimular outro elemento para a convivência grupal: a INTEGRAÇÃO. No testemunho da comunhão, a PJ está articulada numa grande teia que tem como ponto de partida os grupos de base organizados em uma Paróquia, articulados em uma área pastoral (Região Episcopal), Arquidiocese, Regional e em nível nacional, tendo a importante missão de fortalecer a organização, dando respostas palpáveis à unidade e também a comunicação. Se isso não acontece nos pequenos grupos paroquiais, nas demais instâncias da estrutura organizacional, tende a dificultar.

Saber cuidar, também deve ser prática no grupo de jovens. Não ser somente ato, mas atitude. Ser exercício constante em nossas relações, ser prática de acolhida, de atenção. É sempre necessário converter-se ao cuidado, à ternura. Deixar que o amor possa ajudar desconstruir preconceitos, construindo pontes ao invés de muros. Como uma das metodologias utilizadas nestes grupos é a educação entre pares onde os(as) jovens são os(as) principais responsáveis em evangelizar outros(as) jovens, torna-se interessante que ele seja formado entre 20 a 25 jovens, até no máximo 30 participantes para melhor desenvolver a hospitalidade, as reflexões/debates e a espiritualidade nos encontros.

O grupo de base segue a pedagogia de Jesus Cristo, abrindo espaço para a novidade que por ser inquieta, subversiva e mal compreendida, tende a ser vista por alguns, como um incômodo. Não é a toa que em alguns espaços, quando não se tenta silenciar os(as) jovens, busca-se diversas formas de cooptar e se utilizar de seus talentos, oferecendo-lhes uma pseudo-liberdade. Na contramão de alguns argumentos cujo propósito está em descaracterizar aquilo que é próprio dos(as) jovens: o querer estar em grupo, ter sua autonomia e liberdade valorizada, além de experimentar Deus no/com o(a) outro(a).

Eis que o Espírito sopra onde quer... Neste sentido o grupo de jovem valoriza as diversas manifestações do Sagrado, sem impor um modelo único de ser jovem, mas ajuda nas relações com a diversidade, oferecendo instrumentos que desenvolvam habilidades para refletir e intervir nos diversos espaços de participação protagonista, respeitando as diferenças e unindo no que é comum. Sabemos que há inúmeros conflitos que dificultam este exercício do discipulado e da missão de sair ao encontro das realidades que os(as) rodeiam, e é esta a principal razão de existir os grupos de base da PJ: ser mais do que coisa, mas CAUSA na vida da Juventude.
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¹ Documento de Estudos da CNBB nº 76, relacionado a identidade das Pastorais da Juventude do Brasil.
² Orientações para a Pastoral da Juventude Latino-Americana (São Paulo: Paulinas, 1997).
³ Documento aprovado na 45ª Assembléia Geral da CNBB para orientar a Evangelização da Juventude na Igreja do Brasil.

COMO COORDENAR UM GRUPO DE JOVENS?

Quando se é coordenador(a) de grupo de base, além de ter os olhos fixos em Jesus, não se deve perder de vista a realidade juvenil em sua diversidade e complexidade. É preciso estar atento(a) a sua integralidade e ao Sagrado que se manifesta a partir dos(as) jovens, percebendo suas vidas um caminho de discipulado e missão. Em Jesus, encontramos um bom líder que acolhe os(as) menos favorecidos(as) e resgata a sua dignidade.
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Com certeza, um dos desafios para as lideranças juvenis é como coordenar um grupo de base¹. De acordo com o Dicionário Aurélio, coordenar significa: “dispor em certa ordem, segundo determinado sistema; organizar”. É um “ordenar com” os(as) jovens o caminhar, não sendo um cargo, mas um serviço em favor da animação e articulação do grupo.

Podemos afirmar que nem sempre um(a) coordenador(a) pode ser um(a) bom/boa líder, mas um(a) líder pode ser um(a) bom/boa coordenador(a). Há lideranças que nascem e outras que se adquire, mas ambas exigem capacitação permanente. Ambas não devem ser impostas, mas reconhecidas.

As lideranças tem um grande diferencial, por sua influência nos rumos do grupo. Quando ditatoriais (determina tudo), paternalistas (faz tudo) ou liberal (tanto faz) tem a prejudicar a caminhada dos(as) jovens. Quando democrática (decide e faz com os outros), a liderança consegue promover o grupo de base e o protagonismo dos(as) jovens, pautando uma participação mais crítica e criativa.

Coordenar exige iniciativa. Tem a missão de articular com outras lideranças e grupos - sejam eclesiais ou sociais - estratégias de como dinamizar o grupo. Além disso, deve estar atento(a) as orientações sobre a evangelização da juventude². Deve alimentar uma espiritualidade profética e missionária, comprometida com os(as) excluídos(as).

Quando se é coordenador(a) de grupo de base, além de ter os olhos fixos em Jesus, não se deve perder de vista a realidade juvenil em sua diversidade e complexidade. É preciso estar atento(a) a sua integralidade e ao Sagrado que se manifesta a partir dos(as) jovens, percebendo suas vidas um caminho de discipulado e missão. Em Jesus, encontramos um bom líder que acolhe os(as) menos favorecidos(as) e resgata a sua dignidade.

Coordenar e saber cuidar tem tudo haver. Com o Bom Pastor, descobrimos este servir, esta doação para/com a juventude (Jo 10, 11-18). É necessário exercitar suas habilidades intelectuais, mas também sua capacidade de acolher, escutar e se relacionar com a novidade que chega ao grupo. Não adianta ser coordenador(a) de grupo de base e ter a juventude como coisa. Ela deve ser causa, assumida afetivo e efetivamente, contribuindo para o seu desenvolvimento.

O surgimento de novas lideranças no grupo provoca crises. Porém, estas divergências devem ser trabalhadas para gerar soluções. Quem coordena deve está atento para não criar “panelinhas” que sirvam aos seus interesses próprios, mas a uma vontade e/ou necessidade coletiva. Quando o(a) coordenador(a) está muito “carismático(a)” ou autoritário(a) precisa de uma (auto)reflexão sobre sua atuação.

O papel desenvolvido pelo(a) coordenador(a), não é o mesmo do(a) assessor(a). Sua função é ser parte nas decisões do grupo, contribuindo diretamente para seus os encaminhamentos enquanto o(a) assessor(a) é aquele(a) que acompanha, orienta a partir da experiência acumulada, sem trazer fórmulas prontas.

Devemos ter em mente que é raro alguém ter todas estas características, geralmente uma delas tem destaque em seu trabalho pastoral. Porém, outros(as) líderes serão importantes para complementar estas outras necessidades. Para isto, o grupo também deve “cuidar do(a) cuidador(a)”. Somente com esta ajuda mútua conseguiremos desconstruir paradigmas preconceituosos que subestimam a competência da juventude.

PARA REFLETIR EM GRUPO
  • Qual a dinâmica o grupo utiliza para escolher seus/suas coordenadores(as)?
  • Como seu grupo está trabalhando a formação de novas lideranças?
  • Como o grupo de jovens está cuidado da formação de seus/suas atuais coordenadores(as)?
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¹ Entende-se grupo de base um grupo pequeno presente nas comunidades onde os(as) jovens vivem e convivem, criam laços, confrontam a vida com o Evangelho e formam lideranças para o engajamento na Igreja e na sociedade.

² Merece destaque o Doc. 85 da CNBB – “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais”.

A JUVENTUDE QUER VIVER


“Vamos juntas/os gritar, girar o mundo:
Chega de violência e extermínio de jovens!” [1]
(Pe. Gisley de Azevedo Gomes)

1. Contra o extermínio de jovens

É com prazer que aceitamos o convite para novamente escrever sobre Bíblia e juventudes. No artigo anterior[2], falamos sobre juventudes e mundo urbano. Nosso propósito, naquele texto, era falar sobre as várias tribos juvenis presentes nas cidades e como essa diversidade poderia resultar em hermenêuticas que, não mais produzidas para, mas pelos jovens, pudessem alimentar sua resistência às limitações impostas pelo adultocentrismo[3]. O que agora apresentamos segue a mesma linha, aprofundando o tema, uma vez que falaremos sobre a violência, mal que aflige principalmente o público juvenil, mas que felizmente encontra movimentos de resistências organizados pelas próprias juventudes para combatê-lo.

Antes de prosseguirmos, porém, uma ressalva. Por força do tempo e espaço destinado a este artigo, e também por nossas próprias limitações, não escreveremos sobre juventudes em geral, mas a partir de alguns grupos juvenis urbanos, aos quais conseguimos alcançar por nossa condição geográfica, experiência pessoal, profissional ou, ainda, por nossa ação pastoral. Temos certeza de que as realidades relatadas aqui poderão coincidir com as de outros grupos, bem como ser complementadas ou refutadas por experiências que quem nos lê possa ter, por ventura, acumulado.

Dito isto, passemos ao nosso tema. Comecemos por uma cena da vida real. Em junho de 2009, a juventude católico-romana perdeu Pe. Gisley, assessor do Setor Juventude da CNBB, vítima de latrocínio. Os autores: quatro jovens, um deles com menos de 18 anos. Uma cena de violência juvenil, como tantas outras, mas esta nos chama a atenção pela ironia: Gisley era defensor da luta contra a redução da maioridade penal e um dos principais motivadores da campanha “Juventude em Marcha contra a Violência e o Extermínio de Jovens”. Sua morte alavancou não só esta campanha como reanimou outras discussões e iniciativas, inclusive nos meios ecumênicos, sobre como cultivar uma cultura de superação da violência.

Falaremos da campanha contra o extermínio de jovens por ser uma proposta que vem mobilizando a sociedade e porque, embora concebida por jovens da ICAR, ganhou o apoio de organizações juvenis ecumênicas. Ela nasceu na 15ª Assembleia Nacional das PJs (Pastorais da Juventude) da ICAR no Brasil, realizada em Samambaia/DF, em maio de 2008 e, entre outras contribuições, chamou a atenção para o fato de que tantas mortes juvenis não acontecem por acaso, mas são produto de uma ação sistematizada de extermínio de jovens. Graças (infelizmente) à morte de Gisley, (e felizmente) ao apoio de organizações como a REJU (Rede Ecumênica da Juventude), ligada ao FE Brasil (Fórum Ecumênico Brasil), e ao alcance das próprias PJs, a campanha tem conquistado grande repercussão no território nacional[4].

O momento parece ser ideal para esta discussão. Afinal, vivemos, tanto na esfera nacional quanto mundial, uma época de bônus demográfico, isto é, ocasião onde o número de pessoas em idade produtiva supera o de crianças e o de idosos. Houvesse uma política de inclusão e aproveitamento de toda essa massa produtiva, isto seria ótimo para o Brasil e para o mundo. Porém, não há oportunidades para todas/os, nem ao menos para a maioria. Somente uma parcela da população brasileira e mundial pode se considerar privilegiada por ter moradia, saúde, educação, trabalho e outras condições que assegurem vida plena. O restante da população é considerado material excedente e, portanto, descartável. Se não puder ser eliminado diretamente, que seja entregue à própria sorte, destruindo-se mutuamente na luta por sobrevivência. A violência, quando não causada pelos “privilegiados”, é por eles usada como forma de “purificar” o planeta da “escória humana”.

Com os meios sociais de comunicação nas mãos, a elite dominante consegue, ainda, a proeza de fazer a população acreditar que o extermínio é a melhor solução. Nas conversas informais, sempre surge alguém defendendo a pena de morte, prisão perpétua e até a implantação da lei de Talião (olho por olho). Como as/os jovens competem com as/os adultos pelas oportunidades de renda, e um dos eixos da nossa sociedade é o adultocentrismo, quem é visto como o vilão da história? Mas será que a culpa da violência e da criminalidade é das/os jovens? Serão eles os principais agentes do crime, organizado ou não? Que interesses movem o processo de criminalização da juventude? E podemos, ainda, acrescentar: Condena-se toda a juventude, ou apenas determinados grupos juvenis? A seguir, tentaremos responder a estas questões e propor um modelo de superação da violência juvenil.

2. Dois lados da mesma moeda

Quando se fala em violência, logo nos vem à mente algum tipo de agressão física. O motivo é simples: Esta é a sua face mais evidente e aparente. Mas, antes de falar sobre isso, vejamos o seguinte texto:

Careca[5]
Careca, na verdade Marcelo Cândido de Jesus, tinha 14 anos e escolheu a rua porque estava passando fome em casa. O pai, jardineiro, havia sofrido um derrame há quatro meses e estava sem poder trabalhar. A mãe, Terezinha de Oliveira, também estava desempregada. Tinha mais dois irmãos menores. A família vinha se sustentando com doações de vizinhos. Careca nunca frequentou a escola. Estava na rua há apenas três meses. Morreu assassinado em 23 de julho de 1993.

Fonte: CEAP - Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, Revista PIXOTE
sobre meninos e meninas: O MASSACRE DE CANDELÁRIA, ano1, nº 2, 1993.

Aprendemos pouco desde então ....
Em 1993 foram assassinadas 30.586 pessoas no Brasil, na maioria jovens,
entre os quais CARECA.
Em 2007, foram assassinadas 47.707 pessoas no Brasil, na maioria jovens,
como CARECA.

O caso, conhecido como chacina da Candelária, é emblemático, pois, além de ganhar repercussão mundial, pôs a descoberto uma operação de extermínio de jovens. Embora nada tenha sido comprovado, o mais provável é que policiais, pagos por comerciantes da região, tenham feito uma “limpeza” no centro histórico do Rio de Janeiro. Mesmo que esta suspeita nunca se confirme, só o fato de a hipótese, em vez de parecer absurda, ser vista pela população como plausível, já é uma vitória. Ainda assim, é triste constatar o crescimento de homicídios entre jovens, acima da média geral.
  
Em outro caso de homicídio que ganhou repercussão nacional, foi a vez de jovens queimarem vivo o cacique pataxó Galdino Jesus dos Santos. No primeiro caso, os jovens assassinados eram moradores de rua. Neste, jovens de classe média-alta foram os algozes do líder indígena. Não querendo retirar a culpa destes, nem minimizar as implicações da morte de Galdino, ousamos afirmar que, em ambos os casos, os jovens foram vítimas. No primeiro, a violência explícita, resultando em morte. No segundo, jovens desprovidos de valores. Quando perguntados sobre suas motivações, disseram que imaginavam se tratar de um mendigo. Quem ensinou a eles que a vida de um morador de rua vale menos que a de um líder político?

Estes dois casos parecem pontos extremos da violência, mas são apenas a ponta do “iceberg”. A seguir, veremos outras formas de agressão e como elas terminam em atos extremos, como os dois que acabamos de relatar.

3. Tipos de violência juvenil

A primeira violência contra a/o jovem – da qual nascem todas as outras – é a invisibilidade. Um exemplo claro é a definição mais comum de juventude[6]: Período da vida entre a infância e a idade adulta. Ora, se o jovem não é criança nem adulto, o que ele é? Não é comum ouvirmos esta pergunta. Tampouco os jovens estão habituados a fazê-la. Sua atenção está voltada (porque assim foi treinada) para o futuro: “O que você vai ser quando crescer?” Sua voz não é ouvida no presente. Se ele ousa se manifestar, logo é desqualificado como inexperiente, imaturo, irresponsável. É como se a juventude fosse só um estágio para a vida adulta.

Na esfera institucional, a invisibilidade pode pesar sobre as/os jovens de forma silenciosa, ou bem agressiva. Depende de como elas/es reagem. Andando na contramão dos programas de rádio e televisão, shoppings, internet, moda e da própria arquitetura das cidades, que estão cada vez mais joviais, os espaços privilegiados do poder – as instituições políticas, militares, civis e religiosas – não oferecem nenhum atrativo. Quem se interessa por assistir às sessões do Congresso nacional, por exemplo? Nas forças armadas, o jovem, sendo aspirante ou soldado, está na escala mais inferior da hierarquia, devendo obediência a seus “superiores”. Na escola, os jovens são alunos, ou seja, “sem luz”, cabendo à professora ou professor o papel de “libertá-los das trevas”. As vítimas da ditadura da moda (pessoas que sofrem de obesidade, bulimia, anorexia, dopping, anabolizantes etc.) não aparecem nas estatísticas como jovens, mas como atletas, modelos, fisiculturistas, sedentários... Também no ambiente eclesiástico, há situações em que a/o jovem se sente deslocada/o até em reuniões de conselho paroquial, onde teoricamente todo mundo se conhece. São ambientes sem vida, sem graça, silenciosamente (e imponentemente) hostis, justamente porque não há interesse em que “um/a qualquer” (e as juventudes estão inclusas neste grupo) participe das decisões. Aceitando esta imposição, não há problemas, pois se está dentro da ordem (isto é, sob controle). Mas aquelas/es que não aceitam tornam-se indesejáveis, “baderneiros” e, com isso, correm o risco de conhecer o “poder de argumentação” da polícia militar.

Falando em força policial, a condição social ajuda a definir qual a punição mais severa a se aplicar aos “desordeiros”. Jovens economicamente privilegiadas/os (em sua maioria, brancos e alfabetizados), quando considerados culpados, fazem terapia para pensar em seus erros. Já, os pobres (maioria de negros e analfabetos) passam alguns dias, meses ou anos numa cela. Percebe-se, então, que há uma diferença de tratamento, conforme a condição financeira[7].

Mesmo esta divisão (entre ricos e pobres) é um desrespeito à diversidade juvenil, revelando ainda um certo grau de invisibilidade. Na mesma condição social, há grupos de pichadores e grafiteiros, por exemplo. Ambos mudam a paisagem das cidades onde vivem. Mas uns fazem isso dentro da lei, enquanto os outros optam por desobedecê-la (não por maldade, mas como forma de protesto por não se sentirem incluídos). E mesmo dentro de um único segmento juvenil, há grupos de torcedores organizados, por exemplo, que se preocupam em acompanhar seu time do coração, enquanto outros se reúnem apenas para brigar ou depredar. Classificá-los conforme sua tribo, ou condição financeira, é criar estereótipos, reforçar os preconceitos que só mantêm a discriminação contra as/os jovens.

Bem é verdade que nem todos os jovens são malvistos, mas isso não quer dizer que não sofram com o princípio da invisibilidade. Há aqueles que são respeitados pela sociedade, admirados, estão nas capas de revista, estrelam filmes, novelas e comerciais. Há também os que não atingem a fama, mas são elogiados nas instituições onde estão presentes. Será que o simples fato de estudarem, serem independentes (por méritos próprios, ou condição financeira dos pais), bonitas/os, entre outros, é que lhes confere tanto prestígio? Ou sua capacidade de obediência é que merece “reconhecimento”? Conforme procuramos demonstrar no artigo anterior[8], estes jovens servem como garotas e garotos-propaganda do sistema, transmitindo sempre os valores impostos pelo adultocentrismo. Claro, elas/es não procuram questionar sua condição porque, se nada mudar no cenário atual, quando forem adultos, terão também seus benefícios. Mas serão elas/es, de fato, livres para expressar o que pensam?

Interessante notar que as/os jovens podem deixar de ser invisíveis, conforme o interesse de quem detém o poder e a informação. Por exemplo, quando a violência é causada pelos considerados marginais, ganha repercussão na imprensa, mas quando são eles as vítimas, os noticiários “mascaram” um pouco a realidade. É o caso da recente onda de agressões a homossexuais. Enquanto os agredidos são identificados por sua orientação sexual, os agressores são chamados simplesmente de jovens. A maior parte das mulheres vítimas de agressão, estupro, mães solteiras, ou que tenham sido forçadas a fazer aborto, são jovens, mas os números informam apenas a violência contra a mulher. A maior parte dos presidiários é jovem e negra, muitos condenados injustamente, mas quem está na cadeia só aparece no jornal como “detento” ou “bandido”. Porém, estando em liberdade, com uma arma na mão, praticando algum delito, traficando, ou matando, a manchete é bem específica: “Jovem sequestra ônibus, mata inocentes, é preso com tantos quilos de maconha...” Por isso, é normal que a população fique espantada com a denúncia de que nossas/os jovens estão sendo exterminados. Como esses “marginais” podem se fazer de vítimas, se a TV mostra que eles é que estão ceifando vidas inocentes?

Com isso, vamos percebendo que, à medida em que conquista alguma visibilidade, a/o jovem sofre, infelizmente, outro tipo de violência: a criminalização. Medidas como a redução da maioridade penal e o toque de recolher são consideradas um cuidado com a integridade dos próprios jovens. Alguns dados e estatísticas (solicitadas por quem? A serviço de quem?) “revelam”, inclusive, que diminuiu sensivelmente o vandalismo e o banditismo em cidades brasileiras que adotaram estas medidas[9]. Basta um pouco de criticidade para perceber que os jovens com menos de 18 anos não estão sendo protegidos, mas responsabilizados pela criminalidade no país.

Aliás, é triste constatar que uma considerável parcela da sociedade apoia essas atitudes, provavelmente enganada pela manipulação dos números, matéria em que a mídia é especialista. Obviamente, isto se deve ao medo da violência. O povo sente que algo precisa ser feito. O apelo é para que se imponha limites a essa juventude que está aí. Bom, estamos tentando, no decorrer destas linhas, primeiro questionar se a culpa é mesmo das/os jovens. Mas aqui cabe mais uma questão: Como pode uma cultura ser propositiva e libertadora quando se baseia em proibições e castrações? Que tal se, em vez de impor limites, fossem cultivados valores? Os jovens que mataram Galdino teriam feito o que fizeram se considerassem importante a vida de um mendigo?

Estes são apenas alguns dos tipos de violência juvenil. Certamente, quem nos lê pode acrescentar inúmeros outros à lista. Estas informações são úteis para percebermos que a agressão física não é a única forma, embora seja a mais visível – e talvez a mais extremada – das ações violentas. Passemos agora a ver outras causas e, também, a extensão atual do problema.

4. Outros dados relevantes

Pelo que estamos dizendo, parece até que, exceto a campanha das PJs, nada se está fazendo pelas juventudes. Restabeleçamos, portanto, a verdade de que os últimos governos, na esfera nacional, não têm sido totalmente negligentes. O ingresso na faculdade e a oportunidade do primeiro emprego, entre outras conquistas, tornaram-se mais acessíveis na última década. Além disso, a criação de uma secretaria e a aprovação (não sem uma forte pressão de grupos juvenis organizados) da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que inclui o termo “juventude” no capítulo VII do título VIII da Carta Constitucional demonstram uma preocupação com as/os jovens jamais vista nos governos anteriores. O problema é que, na prática, muitas dessas conquistas ainda são programas. Além disso, a preocupação maior ainda é aproveitá-los no mercado, ou seja, não há uma preocupação sincera com o bem-estar das juventudes. Ainda assim, não há como negar que os direitos adquiridos podem melhorar a vida das pessoas jovens. Porém, se não se tornarem políticas públicas (necessárias, ainda que feitas por adultos, para jovens), correm o risco de ser cancelados a qualquer momento, como aconteceu com o sistema de cotas para negros, ou reformulados para atender aos interesses de outros grupos (interessados em mão de obra qualificada, por exemplo).

Outro ponto a ser esclarecido é que não se quer negar, aqui, que a/o jovem seja culpado pelos seus atos. Aliás, muitos grupos juvenis têm-se mostrado extremamente cruéis. É o caso, por exemplo, dos praticantes de bullying[10] (nas escolas) e cyberbullying (mesma prática, só que empregada nas redes virtuais de relacionamento). Porém, em uma pesquisa com jovens das zonas sul e oeste da cidade de São Paulo, constatou-se que muitas/os jovens são violentas/os porque têm dificuldades de se relacionar, ou não convivem com o pai. Considerando o que vimos até aqui, isto é, a falta de acolhida e de oportunidades proporcionadas pelas instituições, parece óbvio que esses jovens procurem referências em outros setores. Vamos conferir o que disse um dos entrevistados, da zona sul (teoricamente a área mais pobre e violenta) de São Paulo:

O jovem que comete [um] crime [como o assalto e o tráfico], geralmente, só tem a mãe dentro de casa, com mais três, cinco ou até mais irmãos, na maioria das vezes, pequenos. Não vou distinguir cor, porque tanto branco quanto negro, roubam, matam, sofrem esse tipo de violência de não ter o que comer, de não ter esses aparelhos, como você diz, de cultura... não tem onde se divertir. É um jovem sem qualificação profissional, sem perspectiva de vida, porque não chega nem à 5ª série direito. A mente dele é pequena e o que mais almeja na vida é uma moto, um carro. Conseguiu aquilo, pra ele ‘tá satisfeito. Então acho que é um jovem e tenta se espelhar naquele cara que ‘tá mais forte, que é o comandante do bairro, e muitos acabam caindo nessa armadilha de que o mundo é só um carro e uma moto. É um jovem que não pensa em ter uma profissão, fazer uma faculdade, se desenvolver profissionalmente e conseguir outras coisas para os jovens que estão lá (M.B.A., 18-24, M-ZS)[11].

No mundo organizado pelos homens[12], a ausência da figura paterna é um grande problema para a família. O jovem, ansioso por aceitação e inserção social, sente a necessidade de – na verdade, é pressionado a – espelhar-se em uma figura masculina. É neste contexto que aparece, como alternativa, o “comandante” da comunidade. Ele representa o modelo que o jovem não encontra em casa, ou então a oportunidade de inclusão que a sociedade silenciosamente lhe nega. A mãe, muitas vezes impossibilitada de reagir, sofre duas vezes: pela situação de seu rebento e por ser acusada pela lógica patriarcal de “fracassar” na criação dos filhos.

É muito conhecido o slogan: “Adote seu filho antes que o traficante o adote”. Nós discordamos, em parte, por entender que o problema não diz respeito somente ao núcleo familiar. É toda uma sociedade que não o acolhe. Haja vista os problemas apontados pelo jovem entrevistado como origem da violência: fome, desemprego, falta de lazer e de cultura. O tráfico torna-se, então, uma maneira de ser reconhecido, de deixar de ser invisível. O desejo de ter um carro ou moto, aliás, aponta para isso, pois revela a necessidade de ter para aparecer, o que – diga-se de passagem – é de fato uma exigência da lógica capitalista.

Tanta violência causa cada vez mais medo na sociedade. Em consequência, aumenta a pressão por medidas de segurança. As soluções, porém, trazem ainda mais insegurança, pois os militares cada vez mais recebem treinamento (e poderio bélico) para uma guerra. Justificam-se dizendo que os criminosos, principalmente traficantes de drogas, possuem tecnologia superior, estando sempre um passo à frente. Mas usam sua técnica – e truculência – também em manifestações pacíficas, como as dos estudantes, ou dos professores (onde a maioria é composta por jovens). Mesmo em relação aos traficantes, um ex-secretário da segurança nacional, em entrevista a um programa de TV[13], falando sobre o recente episódio do Morro do Alemão, afirmou que muito mais perigosos do que os garotos (sic) da favela são os milicianos, por serem policiais treinados. Aliás, ele afirmou também que o tráfico se firmou, nos morros cariocas, patrocinado pela chamada banda podre da polícia militar. Essas notícias geram, na população, muito mais medo do que respeito. Estar sozinho numa rua deserta, à noite, por exemplo, é motivo para ter tanto medo dos bandidos quanto dos policiais. Pensando nisso, e em medidas de (in)segurança como o toque de recolher, não dá pra evitar a comparação: parece que estamos voltando aos tempos da ditadura militar.

Outro fator preocupante é o expressivo aumento de mortes juvenis na última década. Segundo o Mapa da Violência 2010[14], a taxa de homicídios cresceu mais entre jovens de 14 a 25 anos do que nas demais faixas etárias. As capitais e regiões metropolitanas, consideradas as mais violentas, mantiveram ou reduziram levemente suas taxas[15]. Mas isso não quer dizer que o índice não tenha crescido. Porto Alegre/RS, por exemplo, que se manteve como a oitava capital no ranking brasileiro, teve seus números mudados de 76,7 (a cada 100.000 jovens assassinados) em 1997 para 114,4 em 2007. Se considerarmos que a população juvenil aumentou significativamente nesses 10 anos, os números são ainda mais impressionantes.

Embora pensemos primeiro nos grandes centros, devido ao seu histórico de violências, é nas pequenas e médias cidades do país que os índices têm crescido assustadoramente. Isto é péssimo. Idealizamos o interior como lugar de paz e sossego, e demonizamos as capitais. Nossas músicas regionais sempre exaltaram o campo, o sertão e o interior como paraísos terrestres. Porém, infelizmente, a violência e a criminalidade estão se disseminando por todo o território nacional. Sempre morreram jovens do sexo masculino e feminino, religiosos e ateus, brancos e negros, ricos e pobres, mas agora, contrariando as tradições populares, são motivo de preocupação tanto os assassinatos dos da cidade grande quanto os do interior. Por tudo isso, acreditamos não haver nenhum exagero na expressão “extermínio de jovens”.

Diante desse quadro, o que fazer? Fala-se muito na não-violência como alternativa. Mas deixar de ser violento não é o suficiente para acabar com este mal. É necessário cultivar uma cultura de superação da violência, ou seja, uma cultura de Paz. Mas como isto é possível? E mais... Será que podemos encontrar luzes na Bíblia para solucionar o problema? É o que tentaremos propor, a seguir.

5. Em busca da Paz

Conforme narrado em Ex 1,7, o nascimento de Moisés tem como pano de fundo o que hoje chamamos de bônus demográfico. A fertilidade era uma bênção de Deus, destinada à descendência de Abraão (Gn 12,2). Esta bênção, porém, era vista como uma praga pelos egípcios (Ex 1,9-10). Isso porque a quantidade de filhos do sexo masculino poderia se traduzir, num futuro próximo, em um exército poderoso. A situação chegou ao ponto de o Faraó mandar matar os meninos hebreus de 0 a 2 anos de idade (Ex 1,22).

Exceto a Bíblia, não há nenhum documento registrando este acontecimento trágico e despótico. Entretanto, mesmo que seja apenas uma alegoria, a narrativa mostra como os reis de ontem e de hoje temem o povo e eliminam os focos de resistência. Os governantes atuais, porém, não são adeptos de medidas impopulares. Em vez de eliminar diretamente o material humano excedente, alimentam a lógica competitiva do mercado, onde a próxima, ou próximo, torna-se um adversário a ser batido. Com isso, adultos disputam cada oportunidade entre si e com os jovens. Também as tribos juvenis entram em conflito na luta pela sobrevivência. Quanto mais os recursos se tornam escassos, mais a selvageria impera.

Logo, se queremos cultivar uma cultura de Paz, precisamos estar atentos, primeiro, às lições do grupo liderado por Moisés, que enfrentou o Faraó, em busca da libertação. Em primeiro lugar, precisamos resistir. Essa resistência tem que ser corajosa e inteligente, como a das parteiras (Ex 1,15-19). Além disso, é preciso formar grupos, formar comunidades. Moisés luta sozinho e causa a morte de um egípcio, a ira do rei e a desconfiança dos hebreus (Ex 2,11-15). Quando decide enfrentar novamente a opressão, é chamado a formar comunidade (Ex 3,11-4,16), e finalmente a libertação acontece.

Por fim, é preciso estar atenta/o ao chamado e aos sinais dos tempos. Estudos indicam que o monte Horeb (Ex 3,1) apresentava atividades vulcânicas. Logo, era comum a combustão espontânea de arbustos. Então, o que fez Moisés se admirar com a sarça ardente? Como é que, cumprindo sua rotina de trabalho, ele percebeu que alguma coisa estava diferente? Na correria do nosso dia-a-dia, como percebemos a presença de Deus em nosso meio? Bom, o chamado de Moisés foi a resposta de Javé ao clamor dos hebreus (Ex 3,9-10). Perceber a vontade de Deus, então, passa pela indignação com o sofrimento do povo. Assim, produzir uma hermenêutica juvenil é estar atenta/o (imerso, de preferência) às realidades das juventudes. Podemos abafar as sarças que ardem em nosso peito, ou tirar as sandálias (e, com elas, as desculpas) e colocarmo-nos a caminho.

6. A Paz de Cristo

Depois de tudo o que já dissemos, parece óbvio que Deus esteja nos pedindo para acabar com o extermínio de jovens. Mas como superar um problema já enraizado, inculturado, institucionalizado em nosso meio? A violência já atingiu até os órgãos responsáveis pela segurança nacional, que deveriam ser os primeiros a combatê-la. A militarização do policiamento não lembra somente o tempo (não muito distante) da ditadura, mas também a época da Pax Romana, período em que Jesus nasceu, viveu e foi assassinado. Ela se estendeu até tempos depois, perpassando as comunidades joaninas que devem ter escrito o quarto evangelho, por volta dos anos 90 d.C. Nele, está escrito: “Eu vos deixo a Paz, eu vos dou a minha paz. A paz que eu vos dou não é a paz que o mundo dá. Não fiqueis perturbados, nem tenhais medo (Jo 14,27). Acreditamos que uma reflexão sobre este texto pode dar-nos pistas de como resistir à cultura de violência vigente em nossos dias.

O trecho que relembramos, diferentemente de como é refletido em nossas liturgias, trata-se de um contraponto entre a paz do mundo (Pax Romana) e a Paz de Jesus. Na primeira, tudo corria bem para quem obedecia o imperador e mantinha os impostos em dia. A Paz que Jesus oferecia, porém, era gratuita e geradora de vida. Por isso, não havia razão para ter medo. Falando assim, Jesus encorajava seus ouvintes a resistir e, ao mesmo tempo, denunciava o verdadeiro inimigo, a fonte originária da violência, isto é: o poder opressor.

Aos “desordeiros”, Roma impunha a paz pela espada, sob a justificativa de que nada deveria perturbar a ordem. Ser desordeiro era não pagar impostos, ou não acatar as ordens reais. Para os camponeses empobrecidos, era difícil manter os impostos em dia. Frequentemente, algum grupo se insurgia, sendo logo esmagado pela guarda militar. Quando as revoltas eram maiores, legiões inteiras marchavam contra as cidades. Foi assim que, em 70 d.C., Jerusalém e o Templo foram completamente destruídos. Também hoje, quando há manifestações, normalmente tendo os jovens na linha de frente, o policiamento militar apresenta seus “argumentos”. Ora, isso não é paz. Como diz – e muito bem – a música Minha Alma, da banda de pop rock nacional O Rappa: “Paz sem voz não é paz; é medo”.

As autoras e autores do evangelho de João entenderam que a vinda de Jesus implicava na restauração do Plano de Deus, resumido numa frase: “Eu vim para que (todas/os) tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10,10). Podemos considerar este o Evangelho da promoção da Vida[16]. Sua mensagem valoriza, ainda (e como consequência), a igualdade de gênero (Jo 11,27)[17], a acolhida ao pobre e ao estrangeiro (Jo 4,1-42) e o respeito à diversidade (Jo 3,1-13). Enquanto a paz de Roma baseava-se em códigos hierárquicos, a de Jesus é fundada na igualdade. Enquanto o imperador exigia obediência, Cristo resgatou a gratuidade nas relações. Em vez da imposição de limites pela força, para manutenção da ordem, as comunidades cristãs aprenderam de seu Mestre a cultivar valores, e a deixar que eles fossem o critério de sua conduta. Ou seja, a vida nova requer práticas novas.

Interessante notar que Jesus denunciou as autoridades de seu tempo, mas foi das discípulas e discípulos que Ele exigiu a conversão dos corações. Restabelecendo o amor como valor primeiro, ordenou aos seus seguidores que se amassem uns aos outros, pois nisso seriam reconhecidos como cristãos (Jo 13,343-35). Esta, a diferença fundamental. O que vemos, hoje, são pessoas clamando pela honestidade dos líderes políticos, mas trapaceando no trânsito, na fila de supermercado, na restituição de bens perdidos. Jovens reclamam da falta de oportunidades, mas agridem covardemente outros jovens, sem dar-lhes nem chance de defesa. Dizíamos há pouco que é necessário formar comunidades, e que elas estejam unidas em prol do fim da violência, mas isso de nada adianta sem o amor à próxima, ao próximo. Uma vez vencido o inimigo comum, os conflitos internos afloram e o problema apenas muda de endereço. Em suma, reproduzir o sistema de opressão não é o caminho para vencê-lo, mas para mantê-lo vivo.

Podemos deduzir, portanto, que a Paz começa por nós mesmas/os, pela maneira como tratamos uns aos outros. Mas é claro que não podemos abdicar do dever de denunciar, cobrar as autoridades, desde que não o façamos usando a mesma arma da opressão, isto é, a violência. Há quem defenda que Jesus, em outros evangelhos, ensine o revide. Em Mateus, por exemplo, Ele diz que não vem trazer a paz, mas a espada (Mt 10,34). E em Lucas, Ele vem trazer fogo e divisão (Lc 12,49-53). Mas, pelo que já falamos sobre a Pax Romana, cremos que as leitoras e leitores já perceberam de que paz Mateus está falando. Já, o fogo e a divisão de Lucas indicam que não temos como ficar indiferentes ao chamado de Deus. Que nossa voz se faça ouvir, não pela imposição, mas pela força do amor que cultivamos em nossos grupos.

7. Olhai por nós

Em Is 32,17, lemos que a “Paz é fruto da Justiça”. O próprio Isaías nos diz que praticar a Justiça é fazer o bem e socorrer o estrangeiro, o órfão e a viúva (Is 1,17), isto é, restabelecer a dignidade aos excluídos, ou – como abordamos neste artigo – aos invisíveis. E o que um/a invisível quer mais do que a visibilidade, isto é, ter vez e voz?

A campanha contra a violência e extermínio de jovens é uma ótima iniciativa, que cada vez mais deve ser abraçada pela juventude da ICAR, mas também de todas as outras denominações. Afinal, não são somente os jovens católicos romanos que estão morrendo. E outras campanhas e propostas que sejam iniciativas de grupos juvenis também devem ser copiadas, desde que resguardada a vida comunitária baseada no amor e cultivo de valores, pois esta é a melhor forma de lhes dar visibilidade.

Por outro lado, também a sociedade precisa dar a contrapartida. O Estado enfrenta um problema gravíssimo, que é a superlotação dos presídios. A solução do Estado? Construir mais presídios. A alternativa mais inclusiva? Em vez de presídios, construir praças, escolas, áreas de lazer e cultura... Por que não proporcionar às/aos jovens oportunidades de lazer, trabalho, estudo, saúde, entre outros? E mais... É necessário assegurar os direitos juvenis, através de políticas públicas de qualidade. Que as ruas, lugares que elas/es mais frequentam, e onde se encontram de fato, ofereçam espaços para a vida, a arte, a criatividade, a interatividade, o trânsito livre, em vez de serem palcos de guerras com outras/os jovens e com o policiamento militar.

Por isso, porque precisamos ouvir a voz das/os invisíveis da sociedade, este artigo não é só um discurso sobre jovens. Muito do que falamos, ao longo dessas páginas, foi fruto de reflexões bíblicas produzidas em cursos para jovens. Escutando-os, percebemos o quanto se sentem acuados. Temem o diálogo direto com seus pais. Reclamam de suas pastoras e pastores, que os tratam como crianças, ou simplesmente os ignoram. Não sentem a escola como um espaço seu, mas um lugar de adestramentos, onde, para ter um futuro, devem entregar o seu presente. Admiram manobras radicais e jogos urbanos que desafiem o policiamento das ruas. Todo este comportamento, de caráter transgressor, é um grito de socorro. Nossas/os jovens querem ser respeitadas/os pelo que são, e não pelo que podem oferecer num futuro próximo. Mas, mais do que isso: eles querem viver. Todo dia, perdem amigas/os para as drogas, a incompreensão, a intolerância. Sabem que estão sujeitas/os, um dia, a ter o mesmo destino. O medo os faz reagir de forma desesperada, algumas vezes. Mas tudo o que fazem revela um grito, um apelo (que vamos repetir, para ficar bem claro e finalmente ser ouvido): A JUVENTUDE QUER VIVER.

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[1] Lema da Campanha Nacional contra a Violência e Extermínio de Jovens.

[2] POSSATO JR., José Luiz; LUCAS Barbara V.: Juventudes e Meio Urbano. Em: Estudos Bíblicos nº 103 – 2009/3, pág. 104 a 115, Ed. Vozes, Petrópolis, 2009.

[3] Modo de organização social que tem a fase adulta como auge da vida humana e, consequentemente, parâmetro de todas as relações.

[4] Para saber mais sobre esta campanha, acesse o site: http://www.juventudeemmarcha.org.

[5] KRANEN, Frans van: Me chamavam de Careca, da série: “para ler”. Disponível em: http://www.myspace.com/franskranen/blog/541087522. Acesso em: 06/12/2010.


[7] Basta lembrarmos que tanto os assassinos de Galdino quanto os dos meninos da Candelária ficaram impunes. Porém, enquanto uns, réus confessos, ficaram em liberdade graças à sua condição financeira, os outros escaparam do julgamento por “falta de provas”.

[8] POSSATO JR., José Luiz; LUCAS, Barbara V.: Juventudes e Mundo Urbano. Op. Cit.

[9] Cf. nota em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u596333.shtml. Acesso em: 03/01/2011.

[10] Prática de depreciação da/o outra/o, através de apelidos, chacotas e outras humilhações. Necessidade gritante de auto-afirmação? Falta de valores? O que já desenvolvemos neste artigo pode levar a leitora, ou leitor, às suas próprias conclusões.

[11] BORELI, Sílvia H. S.; MELO ROCHA, Rose de; ALVES OLIVEIRA, Rita de Cássia: Jovens na Cena Metropolitana – Percepções, Narrativas e Modos de Comunicação, pág. 81, Ed. Paulinas, São Paulo, 2009.

[12] O machismo, ou patriarcalismo, é um problema antigo, que só recentemente, e graças aos movimentos feministas, vem sendo questionado, combatido, ressignificado.

[13] Cf. entrevista do sociólogo Luiz Eduardo Soares, ex-secretário da segurança pública nacional, ao programa Roda Viva, exibido em 20/12/2010: http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/programa/1232. Acesso em: 24/12/2010.

[14] WAISELFISZ, Julio Jacobo: Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil, pág. 65 a 88, Instituto Sangari, São Paulo, 2010.

[15] Exceto as capitais São Paulo e Rio de Janeiro, que acusam uma queda acentuada, a partir de 2003, ano que coincide com a campanha do desarmamento.

[16] A palavra “vida” aparece 36 vezes em João, contra 7 em Mateus, 5 em Lucas e 4 em Marcos.

[17] Enquanto os outros evangelhos apontam Pedro como o autor da profissão de fé segundo a qual Jesus é o Cristo, isto é, o Messias (valendo a Pedro, segundo Mateus, o título de Pedra Angular da Igreja), João coloca este ato de fé na boca de Marta.
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JOSÉ LUIZ POSSATO JR.
Assessor do CEBI

O presente artigo escrito em companhia de sua esposa, Barbara Lucas, foi publicado no nº 110 da revista Estudos Bíblicos, da Vozes.