Vamos
falar de Gaby? Sim, de Gaby Amarantos mesmo, aquela tecnobregueira do Jurunas. Acabei de ver (na verdade, confirmar)
pelas bandas do facebook o quanto o seu sucesso incomoda. E não quero falar de
um sucesso do dia pra noite, afinal esse lance é parte de uma história regada
de sangue e suor que está dando frutos. Como diria Silvetty Montilla: “isso não
é close, é condições!”
Pois
bem, a cantora oriunda de Belém/PA, tem sido alvo de comentários desnecessários
a cerca de seu trabalho. Seria muita ingenuidade nossa acreditar que isto tem
haver somente com os estilos extravagantes da cantora. Confesso, que algumas
vezes, achei que alguns de seus trajes, literalmente, dariam muito pano pra
manga, mas nem por isso cheguei ao extremo de desconsiderar a beleza de sua
voz, unida ao carisma natural que brota da cantora.
O
problema que muitos têm, é com o que se produz na periferia. E quando falo periferia,
vou além do espaço geográfico, alargando a compreensão sociopolítica e ambiental
no qual Gaby Amarantos vem construindo sua carreira. Em uma das vinhetas de
aparelhagem, podemos contestar: “....tecnobrega, a febre de Belém”. É som de
preto, de gente da baixada, assim como o hip-hop que aprendi respeitar depois
que ouvi as canções do “Hip-Hop Mulher”. Claro que eu não quero absolutizar o
relativo, pois há letras e letras, não é porque é entretenimento que vamos
bagunçar de vez.
Há
quem queira aproveitar ainda mais para descaracterizar a cantora dizendo: ela
não terminou os estudos, ela mora perto dos “malacos” e blá-blá-blá... agora Gaby Amarantos é a principal responsável pela ausência de políticas públicas? Conversa
de quem vive numa eterna catarse. Na contramão, a existência
de Gaby Amarantos desconstrói uma série de julgamentos pré-estabelecidos pelos
tabus da “normatividade”, provocando até mesmo outras leituras socioculturais.
Suado com Gaby Amarantos, no Arrastão do Pavulagem |
Se
o feitiço do “café coado na calcinha” é bom, eu não sei, mas que as premiações
VMB (MTV), Multishow e Bravo, além da indicação ao Grammy Latino, o reconhecimento
de críticos que realmente sabem o que dizem e uma multidão espalhada pelo
Brasil, que tem um carinho imenso pela cultura paraense ou que se encantou com o
ritmo ou com o talento da cantora, são respostas em alto e bom tom a todo este “recalque”
que não é de hoje e nem terá seu termino amanhã. E para isso, a voz forte de
Gaby por si só dá o seu recado: “treeeeeeeme!”